Valorize o SER ao invés do TER – 10º passo na transição para a aposentadoria – Boletim nº 107
“Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração”. (Mt 6,19-23)
Os bens materiais são importantes e necessários sim, mas não podem ser o sentido de nossas vidas. O perigo é darmos a eles um sentido maior do que realmente têm.
Será que o que temos já não é o suficiente para nossa vida? A sociedade materialista e consumista em que vivemos nos ensina a ganhar, concentrar, acumular, possuir e a consumir. De certa forma, somos incentivados a ter corações egoístas e fechados. Hoje, um número cada vez maior de indivíduos dispõe de recursos para viver, mas não de um sentido pelo qual viver.
Rubem Alves (2003) aborda uma questão que tem a ver com a dimensão material. Ele fala de dois programas, o da soma e o da subtração. Segundo ele, o programa da “soma” é feitiço danado, quanto mais ajunta mais pesado fica, a gente vai perdendo a leveza, o andar fica difícil, é gordura e músculo demais, o corpo afunda pelo peso ser em demasia. Quem soma é o demônio, diz ele.
Já o programa da subtração é o contrário: ele quebra o feitiço da soma, a gente emagrece, fica leve, as escamas caem, o coscorão descola, o corpo perde músculo e ganha asas. A “soma” nos faz envelhecer. A “subtração” nos faz voltar a ser crianças. O diabo soma: tem uma contabilidade implacável que não esquece. Deus subtrai. Não tem contabilidade, todo perdão é esquecimento.
Assim também pode ser nossa relação com os bens materiais. Quanto mais temos, mais gananciosos ficamos e queremos mais e mais riquezas. Nossos sonhos e nossa luta se concentram nisso que passa a ser o sentido de nossas vidas. Para quê?
Nós nos preocupamos tanto em ter e quando nos damos conta esquecemos do mais importante, que é o “Ser.” Às vezes, para sermos felizes, não precisamos de tanto ter. Podemos nos dar conta que o mais importante na vida é ser amado(a), ser gente, ser pai, ser mãe, ser amigo, ser humano.
Com a aposentadoria é necessário fazer um balanço e organizar suas finanças e isso também é fundamental. Embora pareça óbvio, coloque no papel suas receitas e suas despesas e faça as adequações necessárias para manter um equilíbrio no seu orçamento e que possa garantir uma estabilidade financeira e uma vida digna.
Por fim, sempre é bom lembrar de que o caixão não tem gavetas. Nenhuma das riquezas materiais que juntarmos poderemos levar. Todos os nossos bens, na verdade, não nos pertencem, nós somos apenas nossas almas. Não somos donos de nossas vidas, estamos apenas vivendo uma experiência terrena. E pensar que nos preocupamos demasiadamente com nosso corpo! E nossa alma? Estamos aqui de passagem e o único passaporte que levamos é o das nossas ofertas, das nossas doações.
Existe responsabilidade maior do que a de investir na nossa casa interior? Será que existe prioridade maior que não seja a busca incessante de uma compreensão maior da própria vida? Como descobrir o sentido da vida sem compreender como ela funciona?
Um fraternal abraço e até o próximo artigo,
Armelino Girardi
Obs.: Veja no site o lançamento do 20º PPA – Programa de Preparação para a Aposentadoria a ser realizado em 4 e 5 de julho de 2013 e também do PPA em formato de EAD.
Eu SOU uma aposentada e adquiri muito potencial para SER uma pessoa melhor, o TER é importante, mas não o mais importante..
Abraços.
Heloisa.
Olá heloisa
Obrigado pela sua contribuição e parabéns pela sua conclusão. Realmente SER faz todo o sentido. Vejo muitas pessoas tão pobres, tão pobres, que só tem dinheiro.