Aposentadoria: Uma responsabilidade social – Boletim nº 134

O Brasil enfrente um dos maiores desafios deste século: o rápido envelhecimento de sua população, conjugado com o grande número de aposentados. Segundo dados do IBGE a expectativa de vida no Brasil alcançou 73 anos em 2009. Segundo as Nações Unidas, o Brasil terá, em 2050 a 5ª população mais velha do mundo. O que será desses cidadãos? Serão peso ou solução para suas famílias e para a sociedade?

Precisamos mudar este histórico e, de maneira especial, a cultura de que o aposentado é alguém inútil e que não tem mais condições de contribuir. A aposentadoria e o envelhecimento são consequências da vida e, portanto, precisam ser compreendidas como processos de mudanças inerentes ao desenvolvimento do indivíduo.

A aposentadoria é uma etapa importante na vida e traz uma série de questionamentos que podem contribuir para o aparecimento de problemas. Como um ritual de passagem, é um complexo momento de ruptura com a rotina de décadas e, dependendo da preparação, poderá ser enfrentado sem grandes problemas.

Para ser sustentável, as organizações precisam inserir no seu plano estratégico uma política que normatize e oriente tanto os procedimentos relativos ao encerramento do vínculo empregatício, por aposentadoria, como as etapas necessárias à preparação dos colaboradores para a transição de vida e de carreira, demonstrando, dessa forma, o respeito pelo colaborador e reconhecimento pelo trabalho dedicado à entidade.

Entendo que a aposentadoria é uma questão de dignidade humana que precisa ser resgatada. É preciso preparar os colaboradores mais experientes, cidadãos ainda produtivos, para que possam encarar a nova realidade e enfrentar o mundo fora do trabalho formal com autoestima elevada e motivação necessária para novas atividades.

Demissões e aposentadorias fazem parte da rotina das organizações. Os processos e métodos, no entanto, podem ser mais humanos para que o desligamento não se torne uma experiência negativa e que não fiquem mágoas e ressentimentos. Por essa razão, é preciso preparar os colaboradores também nos casos de PDVs, PDIs e planos de incentivos ao desligamento. Além dos incentivos financeiros as pessoas precisam ser preparadas psicologicamente para a transição, mesmo que não seja por aposentadoria, para diminuir os impactos do desligamento.

O investimento nessas iniciativas são verdadeiras ações de cidadania e responsabilidade social, uma vez que se trata de justo reconhecimento a quem investiu valioso tempo de sua vida ao trabalho e à organização. Tais ações contribuem para reinserir virtuosamente os aposentados na sociedade, com reflexos no seu bem-estar e na qualidade de vida. O que impacta nos gastos com saúde, já que pessoas com a mente ocupada e que gostam do que fazem tendem a contrair menos doenças, desafogando o sistema de saúde.

É importante envolver também os cônjuges/companheiros na preparação para permitir um processo de transição mais sereno e tranquilo na perspectiva de garantir o bem-estar individual e familiar na aposentadoria. Pesquisas mostram que o retorno ao lar e a convivência com a companheira (o) é um dos problemas enfrentados pelas pessoas que se aposentam. No retorno ao lar, a frase “enfim sós” que parecia um sonho, muitas vezes vira um pesadelo.

O prolongamento da vida é uma aspiração de qualquer sociedade, mas só pode ser considerado uma real conquista na medida em que se agregue qualidade aos anos adicionais de vida. Tenho certeza de que a possibilidade dessas pessoas darem continuidade aos seus sonhos faz parte dos objetivos maiores da sociedade, entidades e organizações responsáveis e solidárias.
Percebam, pois, que preparar seus colaboradores para a aposentadoria também é sustentabilidade, porquê é uma forma de contribuir para um mundo melhor.

Que Deus o (a) proteja junto a seus familiares.

Um fraternal abraço e até o próximo artigo

Armelino Girardi
Palestrante e consultor em desenvolvimento de pessoas é o criador e mantenedor do portal www.desaposentado.com.br, idealizador e catalisador do Clube dos Desaposentados.

2 Respostas para“Aposentadoria: Uma responsabilidade social – Boletim nº 134”

  1. Maria Helena Silva diz:

    Prezado Armelino,
    Parece fácil falar de Preparação para Aposentadoria, mas hoje, vivendo esse momento na Instituição onde trabalho, tanto na situação de clientela, quanto na posição de servidor que percebe a necessidade de iniciar um trabalho sério de orientação neste sentido, vejo que o tema é quase um ultraje. As pessoas passam a te olhar como se você não fizesse parte do mesmo mundo que elas. Passam a te rotular de doente depressivo; de alguém que quer estar estagnado, que não tem interesse em se aprimorar, em desenvolver qualquer potencial; alguém que não merece respeito.
    Em busca de orientação de como iniciar uma proposta para orientar as pessoas neste sentido, encontrei o seu site. Li artigos, depoimentos de pessoas que tiveram oportunidade de participar de seus cursos e palestras. Agora estou animada e convicta que estou muito lúcida, e que posso me ajudar e ajudar ao outro com minha proposta de trabalho.
    Parabéns por seu trabalho. Em breve farei parte do Clube dos desaposentados.
    Um abraço
    Maria Helena

  2. Jeras Costa diz:

    Prezado Armelino, agradeço a sua dedicação em estar pensando nos futuros aposentados, sabemos que nos dia de hoje com a situação politica do país nos sentimos mais fragéis, faz com que nossa insegurasnçã em relação ao futuro aumente, quando envelhecemos precisamos muitas vezes de medicamentos entre outros…
    Um abraço
    Jerasi Costa

comment_type == "trackback" || $comment->comment_type == "pingback" || ereg("", $comment->comment_content) || ereg("", $comment->comment_content)) { ?>

Trackbacks & Pingbacks

  1. Maria Helena Silva:

    Prezado Armelino,
    Parece fácil falar de Preparação para Aposentadoria, mas hoje, vivendo esse momento na Instituição onde trabalho, tanto na situação de clientela, quanto na posição de servidor que percebe a necessidade de iniciar um trabalho sério de orientação neste sentido, vejo que o tema é quase um ultraje. As pessoas passam a te olhar como se você não fizesse parte do mesmo mundo que elas. Passam a te rotular de doente depressivo; de alguém que quer estar estagnado, que não tem interesse em se aprimorar, em desenvolver qualquer potencial; alguém que não merece respeito.
    Em busca de orientação de como iniciar uma proposta para orientar as pessoas neste sentido, encontrei o seu site. Li artigos, depoimentos de pessoas que tiveram oportunidade de participar de seus cursos e palestras. Agora estou animada e convicta que estou muito lúcida, e que posso me ajudar e ajudar ao outro com minha proposta de trabalho.
    Parabéns por seu trabalho. Em breve farei parte do Clube dos desaposentados.
    Um abraço
    Maria Helena

    --15 de março de 2015 @ 0:11
  2. comment_type == "trackback" || $comment->comment_type == "pingback" || ereg("", $comment->comment_content) || ereg("", $comment->comment_content)) { ?>

    Trackbacks & Pingbacks

    1. Jeras Costa:

      Prezado Armelino, agradeço a sua dedicação em estar pensando nos futuros aposentados, sabemos que nos dia de hoje com a situação politica do país nos sentimos mais fragéis, faz com que nossa insegurasnçã em relação ao futuro aumente, quando envelhecemos precisamos muitas vezes de medicamentos entre outros…
      Um abraço
      Jerasi Costa

      --9 de agosto de 2017 @ 16:05

    Deixe uma resposta

Comentários Recentes