Agora,aposentados, também dançamos tango… Boletim nº6- 2ª quinzena Julho 2007
Aprender a dançar tango nasceu de um sonho meu, que veio da infância, pois meu pai escutava muito tango e tinha uma predileção especial por esse ritmo. Concretizei o sonho porque meu esposo aderiu a ele e passou a gostar, tanto quanto eu.
Ao aposentarmo-nos profissionalmente optamos por fazer aula de dança, já que sempre gostamos de dançar e nesta opção, conseguimos agregar atividade física, mental e social.
Sair para dançar vai além do mero prazer. Ajuda-nos a nos desalojar da acomodação física; aprimora o desejo de nos arrumar porque desejamos ter uma boa aparência; estimula o convívio social propiciando a conquista de novos amigos e o conhecimento de outros espaços culturais, mas, acima de tudo, ajuda o casal a se conhecer melhor e a crescer.
O ato de dançar traz prazer, leveza e beleza, mas para se chegar lá existe o tempo de superar desafios. Na dança aprendemos a ajustar o tempo para que haja harmonia, e, para que isto aconteça ambos precisam ceder, agilizando e/ou diminuindo o passo. Em qualquer aprendizagem existe o erro e na dança não é diferente; ela ensina-nos a assumir nosso erro, a pedir desculpa e a recomeçar. Mas também existe o acerto e porque não elogiar o nosso parceiro no seu desempenho? È uma conquista partilhada, visto que estamos dançando juntos.
O sonho de um tornou-se de ambos, ajudando-nos a nos sentir mais vivos, a superar novos desafios e a celebrar a nossa vida, assim como alegrar a tantas pessoas que nos vêem dançar, especialmente nos asilos.
Aposentar-se é ter a possibilidade de “desaposentar-se”, isto é, a oportunidade de realizar aqueles sonhos que gestamos enquanto aguardávamos a aposentadoria. Sonhos, como ter tempo para curtir a vida fazendo aquilo que mais gostamos; de conhecer-se mais através daquele curso que nos desafia a abrir novos horizontes para o nosso coração e nosso espírito; a possibilidade de partilharmos os nossos dons com os que necessitam. Enfim, ter uma mente e um corpo saudável e um coração feliz, porque estamos vivos e podemos usufruir com consciência deste momento!
Mas, a vida tem outros aspectos e sempre está a desafiar-nos para descobrir novos caminhos, a assumir outras responsabilidades, especialmente, com os outros com quem somos convidados a construir a história e deixar o nosso legado, já que recebemos tantas riquezas daqueles que nos antecederam.
O Oglacir, meu esposo e companheiro de tantos anos, após a sua aposentadoria como professor do Cefet-Pr, participou durante dez anos no sindicato do Sindocefet. Atualmente, participa do MEP – Movimento pela Ética na Política, que acompanha semanalmente o trabalho da Câmara Municipal de Curitiba. É representante da nossa Paróquia, junto á diocese, no Movimento de Leigos e membro do Centro de Integração Humana – Gente-re-Gente.
Eu, após aposentar-me como Pedagoga na área de educação a nível estadual, dedico-me ao trabalho voluntário junto a pais e adolescentes, na área de sexualidade e drogadição, nas comunidades que solicitam. É uma forma de partilhar o conhecimento que recebi e o desafio de manter-me atualizada. Sou membro do Centro de Integração Humana Gente-re-Gente, em Ponta Grossa, onde desenvolvemos um trabalho na área de autoconhecimento, inclusive o Eneagrama, numa proposta de integração psico-espiritual. E, um novo desafio já foi assumido, o de trabalhar como Consultora na área do Eneagrama.
Sentimo-nos muito felizes em compartilhar um pouco de nossa história, ela é feita de opções conscientes que nos permitem desfrutar e partilhar cada momento, como o tempo sagrado que nos é concedido pelo Deus da vida.
Maria Helena Oliveira Cardoso
Pedagoga – cardomariahelena@gmail.com