O brasileiro se diz empreendedor, mas as estatísticas do SEBRAE mostram que o índice de mortalidade das empresas antes de chegar ao quinto ano é assustadoramente alto. Isto só mostra que na verdade, o brasileiro é mais sonhador do que empreendedor.

Pensar um negócio em função do progresso observado no vizinho, conhecido ou até amigo do amigo do conhecido que mora lá em tal lugar, é iniciar um negócio da forma mais equivocada que possa existir.

Certamente já lhe perguntaram – talvez inúmeras vezes quando criança – “O que você vai ser quando crescer?”. Esta pergunta, aparentemente boba nos fez refletir e dar foco, pois não podemos ser um pouco de cada coisa.

Se cada vez que esta questão vir à tona a resposta for distinta, é certo que a nossa mentalidade ainda não amadureceu e estamos com problema de foco. A cada dia que passa miramos em algo diferente; um dia queremos ser bombeiro, outro médico e no outro biólogo, até que finalmente: Heureka! Achei e só então começo a definir o foco.

Agora pense comigo: Será que eu posso fazer esta mesma pergunta para o meu futuro negócio?

“Foco no negócio”. Nunca esqueça desta expressão, pois é este tal de foco que nos dá o primeiro impulso para Planejar e por mais que pareça teórico ou acadêmico, não podemos esquecer que o planejamento é uma das funções básicas da administração, antecedendo a Organização a Direção e o Controle. Pode até existir gestão sem planejamento, mas aí, com certeza, o caos já estará instalado e é isso que você irá administrar.

Para nós do marketing, o foco existe quando conseguimos identificar um alvo e definimos (planejamos) de forma precisa a forma (estratégia) de melhor atender as necessidades de um determinado nicho de mercado. Se isto lhe parece confuso, fique apenas com a definição do Aurélio. Foco: ponto de convergência. Pense nisso e siga em frente.

Nestes últimos dias você certamente refletiu sobre as três questões que deixei no ar no artigo anterior “Um novo negócio pode ter duas alegrias: A primeira quando abre. A segunda quando fecha.”: [1]

• ·        O que eu mais gosto?
• ·        O que e quanto eu conheço a respeito deste tema?
• ·        O que me faria sentir extremamente gratificado a ponto de trabalhar com grande entusiasmo horas a fio, mesmo sem ter a perspectiva de ganhar um único centavo?

Então vamos lá. Se existe uma sintonia perfeita entre o foco e a resposta da questão “O que eu mais gosto?” você deu o primeiro grande passo e agora pode passar para a segunda questão.

“O que e quanto eu conheço a respeito deste tema?”. Sem conhecer, a tarefa de planejar torna-se praticamente impossível. Posso até levantar as coisas básicas, mas isto certamente não garantirá o sucesso, uma vez que ele está nos detalhes, naquelas pequeninas coisas perturbadoras que só enxerga quem “conhece o caminho das pedras”.

Se ainda assim o tema lhe parece atraente, então é hora de ter humildade e gastar o tempo que for necessário para aprender, a ponto de se apaixonar, a respeito daquilo que você “pensa que gosta”. Não tenha receio em voltar ao primeiro passo, pois é certo que ninguém pode gostar de algo que não conhece.

“O que me faria sentir extremamente gratificado a ponto de trabalhar com grande entusiasmo horas a fio, mesmo sem ter a perspectiva de ganhar um único centavo?” Você já deve ter percebido que só tem resposta para esta pergunta quem passou, sem dúvidas, pelas duas questões anteriores. Aí sim você também vai poder dizer aquilo que a famosa atriz exclamou e indagou ao receber o Oscar. “Faço o que mais gosto e ainda me pagam para isso! Não é maravilhoso?”

Permita-me usar uma figura de linguagem para deixar tudo isto muito claro. Sei que em tese, andar de bicicleta é uma coisa relativamente simples; você monta, coloca o pedal na posição, dá impulso, e aí é só pedalar e equilibrar, equilibrar e pedalar.

Agora vamos à realidade prática. Quanto mais você se empenhar em aprender a respeito de um tema, menor é a probabilidade de levar grandes tombos.

Mas é certo que você terá alguns obstáculos pela frente, então não esqueça que para andar de bicicleta na subida, você tem duas alternativas: manter o equilíbrio e continuar pedalando forte.

Porém, não esqueça que para chegar a algum lugar, você tem que ter definido objetivos, não sem antes ter buscado uma direção que definimos como: Foco e Planejamento, ou como queira, Planejamento e Foco.

Então não esqueça: “foco no negócio”!

Reinaldo Martinazzo

Professor universitário e consultor.

Parceiro e Conselheiro do Clube dos Desaposentados

1 Para quem não leu, este material está depositado no site www.desaposentado.com.br