A grande dúvida. – Boletim nº 24 – Janeiro 2009

Natural de Foz do Iguaçu, onde nasci oitenta anos passados, com onze vim estudar em Curitiba, aluno interno no Liceu Rio Branco, onde cursei o ginasial e o colegial, matriculando-me, então, na Faculdade de Direito da Universidade do Paraná, federalizada em 1950, quanto me formei.

                        Casando-me muito cedo, fui Promotor Público, Advogado do Estado, ingressando na Magistratura até chegar ao egrégio Tribunal de Justiça, passando pelo colendo Tribunal de Alçada.

                        Em ambas as Cortes exerci cargos de direção e, ao terminar o mandato de presidente do Tribunal de Justiça, aos sessenta e cinco anos de idade, cogitei em aposentar-me.

                        Dúvida atroz, então, surgiu.

                        O que faria, após tantos anos de atividade profissional?

                        Adaptar-me-ia a inatividade?

                        Eis, então, que me ocorreu indagar de dileto colega: “o que você faz no passar dos dias?”

                        Respondeu-me, de pronto: “faço tanta coisa que, muitas vezes, não as venço no mesmo dia”.

                        Pensei, cá comigo: “ele está blefando…”

                        Preparei-me, então, para a aposentadoria, usufruindo de férias e licenças especiais a que tinha direito, até que chegou o dia, para mim, fatídico: requeri a aposentadoria, aos sessenta e cinco anos, portanto, antes da compulsória, que muitos chamam de “expulsória”, porque obrigatória e, muitas vezes, em pleno vigor físico e mental do servidor público.

                        Entendi a veracidade da afirmativa do colega, pois, na verdade, desfruta-se de um tempo maior para os encargos domésticos, significando, então, que a aposentadoria não implica em plena e total inatividade.

                        No meu caso, ocorreu a vontade de um aprofundamento de meus conhecimentos literários, propriamente ditos, eis que apenas me preocupara com os jurídicos.

                        Passei, então, a freqüentar, com assiduidade, a Academia de Cultura de Curitiba, que presidi por seis anos e ingressei no Centro de Letras do Paraná, instituição fundada em 19 de dezembro de 1912, mesma data da criação da mais antiga Universidade do Brasil, a atual Universidade Federal do Paraná, estando no quinto mandato na presidência, chegando, até, a publicar algumas crônicas, que reuni em um modesto livro.

                        Colaborei na criação e organização da Câmara de Mediação e Arbitragem da Associação Comercial do Paraná, que dirigi nos seis primeiros anos e, ainda, ocupo uma das vice-presidencias do Movimento Pró-Paraná, Ente de Integração e Relações Institucionais do Estado do Paraná.

                        Tudo isso que venho expondo não deve ser entendido, por favor, como “auto-promoção”, antes como demonstração de que a aposentadoria não é “um bicho de sete cabeças”, pois não significa, em absoluto, completa inatividade, certo que existem muitas oportunidades para servir e produzir, tudo dependendo da vontade pessoal.

                        Hoje, realizado em minha vida profissional, curto os anos que me restam no seio de minha família e em misteres prazerosos, lembrando, ainda, do meu clube rotário, o “Curitiba-Norte” e o “sofrimento” que meu coracional “Paraná Clube” me impõe a cada jogo que disputa…

Luís Renato Pedroso

Desembargador Jubilado – Presidente do Centro de Letras do Pr e Vice-Presidente do Movimento Pró-Parana

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