A paz é fruto da justiça – Boletim nº 27- Abril 2009
Vivemos num período de grandes contradições. Estamos diante de uma evolução tecnológica sem precedentes e que abrange todos os campos de atividades. Com tantos progressos da ciência e da modernidade um padrão de vida mais digna poderia ser uma conquista da sociedade, mas infelizmente não é. Constata-se que a humanidade não é feliz. Pelo contrário, diariamente chegam de todos os cantos do país e do mundo notícias de injustiças e violências. Vivemos cada dia mais inseguros e a convivência entre as pessoas é cada vez mais difícil e delicada.
A Campanha da Fraternidade de 2009 oferece-nos uma oportunidade de reflexão, com o tema “Fraternidade e Segurança Pública” e o lema “A paz é fruto da justiça” (Is 32,17). O objetivo é suscitar o debate sobre a segurança pública e contribuir para a promoção da cultura da paz nas pessoas, na família, na comunidade e na sociedade, a fim de que todos se empenhem efetivamente na construção da justiça social que seja garantia de segurança para todos. A paz buscada é a paz positiva, orientada por valores humanos como a solidariedade, a fraternidade, o respeito ao outro e a mediação pacífica dos conflitos, e não a paz negativa, orientada pelo uso da força das armas, a intolerância com os diferentes, e tendo como foco os bens materiais ( do texto oficial da Campanha da Fraternidade da CNBB)
O tema é pertinente e permite uma reflexão a todos, independentemente de suas crenças. É uma oportunidade para reconhecermos a violência na nossa realidade pessoal e social, nos sensibilizar e mobilizar, a fim de assumirmos responsabilidade com a cultura da paz.
Não é um assunto que compete exclusivamente ao governo e autoridades constituídas. Ele nos diz respeito sim, especialmente no que se refere à luta contra a violência familiar. Os lares estão cada vez mais violentos. Isso em decorrência das mais variadas formas de violência: acidentes domésticos, maus tratos intencionais, brigas entre casais, violências contra a mulher, agressões aos filhos, alcoolismo e outros tipos de violência. Mesmo que algumas dessas situações não seja realidade em seu lar, certamente o é em lares de parentes ou vizinhos.
Apesar de vivermos em sociedade, pelas contingências de nossa época, estamos nos tornando cada vez mais individualistas, superficiais e impessoais, olhando exclusivamente para o “próprio umbigo”. Acima do bem individual, o ser humano precisa pensar no bem comum, no bem da coletividade e em lutar por essa causa. Assim, quando ajudamos os outros estamos ajudando a nós mesmos. Jesus nos ensinou Pai Nosso e não Pai Meu, nos mostrando que somos todos irmãos.
O mundo atual requer mais gentileza, maior amorosidade, humanidade e solidariedade. Afinal, quem não é solidário acaba ficando solitário.
A virtude da humanização faz falta nos dias de hoje. Só ela pode resgatar o afeto e a ternura. Só ela pode nos fazer valorizar o amor pelo outro. Só ela é capaz de banir o individualismo, fazendo com que as pessoas esqueçam a pressa e o tempo, além de rechaçar o egoísmo. É pelo amor e pela nossa contribuição que podemos transformar.
Portanto, vamos aproveitar este período da quaresma, entre o carnaval e a páscoa, para estarmos atentos a todas as formas de violência e às suas consequências na vida das pessoas ao nosso redor, especialmente as mais próximas, para podermos ver os sofrimentos gerados, sensibilizar-nos diante deles e agirmos com caridade para com suas vítimas, mesmo porque, a solidariedade constitui uma das principais características cristãs.
Que Deus o(a) proteja junto a seus familiares.
Um fraternal abraço e até o próximo artigo,
Armelino Girardi
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