Aposentadoria: Exclusão da vida ou desafio para “nascer de novo”? – Boletim n° 49 – Outubro 2010
Estou respondendo a sua mensagem, pois ela me tocou profundamente! Como suas palavras emocionam e “convidam” os leitores a “caírem na real” e aceitarem a passagem do tempo cronológico, do tempo intrínseco, das nossas escolhas, sempre regidas por nosso livre arbítrio! Quão amplo é o ângulo de possibilidades de vermos a relação entre sua mensagem e os muitos momentos que cada um de nós passa, em sua vida! Mas, vamos falar sobre uma outra “aposentadoria”?
Alguns precisam “aposentar-se”, pois ocorrem mudanças radicais em suas vidas e não conseguem desenvolver seu trabalho (sequelas de acidentes, deficiências adquiridas, perdas de pessoas, entre outros).
E em todos estes aspectos, nunca deixam de existir alternativas! O impossível está cada vez mais distante de nós, muito distante! Quantas vezes, as “sequelas psicológicas” são mais difíceis de serem contornadas, trabalhadas, ultrapassadas, e muitos se entregam e deixam de tentar! A própria palavra aposentar-se, no dicionário, significa “recolher-se aos aposentos”!
Quantos paradigmas acompanham este significado! Eu acabei de ouvir uma música, de Beto Guedes, que fala muito sobre este tema tão natural, tão presente no futuro de todos nós!
O Medo de Amar e o Medo de Ser Livre (Beto Guedes)
O medo de amar é o medo de ser
Livre para o que der e vier
Livre para sempre estar onde o justo estiver
O medo de amar é o medo de ter
De a todo momento escolher
Com acerto e precisão a melhor direção
O sol levantou mais cedo e quis
Em nossa casa fechada entrar pra ficar
O medo de amar é não arriscar
Esperando que façam por nós
O que é nosso dever: recusar o poder
O sol levantou mais cedo e cegou
O medo nos olhos de quem foi ver
Tanta luz
Pois é, esta música é atemporal, resiste ao tempo e ao espaço! Ela fala que “o sol levantou mais cedo e cegou… o medo de quem foi ver tanta luz...”
Tornei-me cega, no ano 2000, quase com 40 anos de vida, nos dois olhos (meningioma nos nervos ópticos).
Foi aprender tudo outra vez! Desde como colocar a pasta de dente na escova dental, pois da forma que eu fazia, quando enxergava, não dava mais certo! Eu não via a escova e, assim, a pasta caía na pia! E caminhar sem ver? Foi tão lentamente que eu sempre tinha um braço ao meu lado!
Foi fácil? Seria falso, se eu respondesse que sim! Contei com apoio psicoterápico, com apoio médico! E mais do que tudo com o apoio do meu marido, meu parceiro “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-me, respeitando-me em todos os dias das nossas vidas”!
Assim, aprendi a aprender a viver de outra forma numa outra vida!
Então, participei de vários cursos, aprofundei-me no tema Inclusão de Pessoas com Deficiência no mercado de trabalho e fiz parceria com empresas em processos de inclusão.
Desde 1999, desenvolvo pesquisas de clima organizacional. Desenvolvi, apliquei e avaliei Pesquisas de Satisfação de Clientes Internos e Externos. Deixei para a conclusão os programas sobre aposentadoria empreendedora.
Quero aprender, colaborar, trocar energias e multiplicar oportunidades de não deixarmos nos cegar, diante do novo!”
Lilian Cury
Relações Públicas do Centro de Apoio ao Def. Visual – CADEVI
Email: lc.inclusao@gmail.com
(Depoimento de Lilian Cury, Boletim nº 49 “Eu já posso me aposentar! E agora?” de Sônia Gurgel, transformado em artigo).