Os seis estados da aposentadoria ativa – Boletim nº 61
O que denomino como 2º tempo da vida pode ser a mais bela estação da vida, pois é o coroamento das etapas anteriores. Ela apresenta a colheita de tudo o que se aprendeu e viveu; de tudo o que se sofreu e se superou. Portanto, não é uma etapa da vida a ser temida e muito menos uma fase a ser desprezada. É um período de rupturas, de descobertas e de valorização da vida fértil que existe em cada um.
Para isso, o aposentado precisa conscientizar-se de que a vida não termina com a aposentadoria, sendo necessário adotar atitudes inovadoras e criativas, de forma a encarar esse período como uma rica e promissora travessia de uma etapa para outra da vida, e não como o fim do caminho.
Um dos participantes dos vários cursos que conduzi em um grande banco estatal me perguntou sobre o que seria uma aposentadoria ativa, no comparativo com a história da águia que, ao chegar aos 40 anos, arranca seu bico, suas unhas e velhas penas. Foi numa sexta feira, e justamente naquele dia, meu voo de retorno a Curitiba atrasou. O tempo de espera me inspirou a formular as dicas que passo a seguir, que representam os seis os “estados” que considero necessários para se chegar à aposentadoria ativa, fruto de minha experiência pessoal:
1º) Estado do Sonho – É preciso buscar nos sonhos a possibilidade de inventar seu futuro. Se você não sonhar, vai acabar realizando sonhos dos outros. Se você não tiver um projeto de vida pessoal, fatalmente vai acabar cumprindo projetos de outros e virar um “já que”. E é por isso que defino como “desaposentados” os aposentados que continuam sonhando, que transformam os sonhos em projetos e os projetos em vida;
2º) Estado de Ruptura – Para fazer a transição para um mundo mais humano, há que haver uma ruptura com o mundo e o sistema que aí está e que fez parte intrínseca dos seus interesses durante a vida profissional. É preciso romper com o antigo para dar espaço ao novo. Despir-se de paradigmas, preconceitos, dogmas, valores, hábitos. Esvaziar seus vasos mental e físico das pequenas coisas e preenchê-los com novos sonhos, vontade de fazer alguma coisa para a sua vida e para a vida dos que estão a sua volta;
3º) Estado de Redescoberta – A prática nos mostra que as pessoas, em geral, não se conhecem como deveriam. Tanto a educação formal como os treinamentos in company se atêm ao conhecimento profissional, relegando o autoconhecimento a um segundo plano. Ao se aposentar é preciso descobrir e despertar o seu verdadeiro potencial, com ênfase nas habilidades interpessoais, fundamentais na nova fase de vida (…) acordar a ‘águia’ que existe dentro de nós, ousar novos voos, inventar novos caminhos e tirar de dentro de nós mesmos, de nossos sonhos e ideais as razões para lutar, criar e viver”, conforme ensina Leonardo Boff;
4º) Estado da Reaprendizagem – “O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo pela vida e desiste de aprender “(Balzac). A aprendizagem na fase da aposentadoria deve ser algo bem abrangente, pois há muito que se aprender. O foco deve ser a redescoberta de seu mundo interior, seus sonhos, talentos e novas ocupações. Portanto, assim como você se preparou para o trabalho, precisa, ao se aposentar, preparar-se para novos hábitos de vida;
5º) Estado da ação – Este é o estado do empreendedorismo, da busca por novas atividades. Ocupar-se é a palavra chave. Os desafios a que nos propomos devem conter exigências que pareçam ir além de nossas forças. Só dessa forma poderemos descobrir nosso poder e conhecer nossas energias escondidas. A longevidade é diretamente proporcional à sociabilidade e ao sentido de utilidade;
6º) Estado da Ressignificação – É o estado da transição do mundo corporativo para um universo personalizado e empreendedor, além de mais humano e solidário. Ninguém pode dar-se por realizado se passar pelo mundo sem deixar suas marcas. Além de dar um novo sentido à sua vida ou um sentido mais amplo, você deverá ressignificar os limites e as perdas que vêm com a idade. Isso faz toda a diferença.
Que Deus o (a) proteja junto a seus familiares
Um fraternal abraço e até o próximo artigo.
Armelino Girardi
Palestrante e consultor em desenvolvimento de pessoas e autor do livro Desaposentado melhor agora, além de criador e mantenedor do Clube dos Desaposentados – www.desaposentado.com.br
Artigo publicado no Jornal Gazeta do Povo – Quinta-feira 09/06/2011
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