IDOSO E VOLUNTARIADO – Boletim 127
A velocidade com que o mundo caminha, de uns cinquenta anos para cá, especialmente, é algo que, para nós, vindos de meados do século passado, chega a ser assustador.
São tantas as coisas que surgiram, tantas que se tornaram obsoletas, tantas que evoluíram para melhor (ou, quem sabe, para pior) que precisamos estar atentos e ligados, se pretendemos tentar acompanhar esse processo acelerado.
Os idosos, que já se aposentaram e cumpriram sua missão de cidadão, que criaram os filhos com maior ou menor dificuldade e agora veem os netos manusearem telefones celulares e computadores ainda na mais tenra idade com uma naturalidade espantosa, como se já nascessem sabendo, para não ficarem à margem de toda essa evolução, precisam “ir à luta” e tentar, de alguma forma, sobreviver e participar desse “vendaval”.
Além de usarem todos os recursos modernos de preservação da saúde que os tempos atuais oferecem, é importante passarem a seus descendentes os valores morais e tradições herdadas de seus antepassados, que não podem ser desprezadas e precisam ser resguardadas pelas novas gerações como: caráter ilibado, caridade, compaixão, solidariedade, gentileza e tolerância, coisas que temos visto estar caindo de moda ultimamente.
Uma das maneiras mais simpáticas de se dar esses exemplos é participar com regularidade da vida social do seu bairro, frequentando, em sua igreja ou seu clube ou entre seus amigos, ações em benefício da comunidade, coisas que os mais jovens não tem tempo de fazer, pois vivem correndo atrás de cumprir etapas de suas empresas, vencer concorrências, numa competição desenfreada pela manutenção do “status” que desfrutam ou tentando chegar lá.
É assim que muitos netos hoje ficam aos cuidados de seus avós para que seus pais possam correr atrás dos seus sonhos, coisa que há cinquenta ou sessenta anos atrás não ocorria – eram os pais que, em certa fase, eram acolhidos na casa de seus filhos, que deles cuidavam até o fim-. Aqueles que já fizeram isso ou não tiveram netos e não tem alguma atividade, ficam marginalizados e, se não tomarem providências, nada mais farão que aguardar na inércia a hora de partir.
Há muito que fazer. Nessa velocidade com que andamos, muitas coisas ficam esquecidas ou subvalorizadas, até estranhas a essas novas gerações. Uma delas é a compaixão e a solidariedade, coisa que temos obrigação de preservar e dar exemplo ao mundo.
É isso que faz o VOLUNTARIADO, uma das ferramentas mais poderosas do TERCEIRO SETOR: uma proposta de amor e respeito à humanidade, que enfrenta, sem salários ou pagamentos, situações que, normalmente, são remuneradas a peso de ouro.
Tudo é enfrentado com a consciência de sua responsabilidade de cidadão e foi assim que surgiu a REDE FEMININA DE COMBATE AO CANCER. Primeiro, cientes da necessidade de se ter aqui um centro de referencia no combate ao câncer, e com um grupo pequeno de senhoras, o grupo não esmoreceu e perseguiu seu objetivo até que conseguiu inaugurar o HOSPITAL ERASTO GAERTNER, dezoito anos depois, em 1972.
Fizemos, em março deste ano, sessenta anos de atividade ininterrupta desde então e temos muito orgulho de nosso trabalho em favor dos nossos doentes. Somos perto de quatrocentos voluntários que desenvolvem as mais variadas atividades dentro e fora do hospital, cooperando com a administração, auxiliando na melhoria do fluxo, e dando suporte emocional aos doentes, orientando-os, acompanhando-os, ouvindo-os, tentando dar um tanto de conforto àqueles que nos procuram…
Creiam, é um trabalho que todos podemos fazer e o que recebemos em sorrisos e agradecimentos. É tão gratificante que nos sentimos muito bem pagos e ainda devedores.
A sociedade está cheia de setores necessitados de voluntários e todos podemos escolher o que fazer, de acordo com nossas preferências e tendências e é importante, se temos saúde, que não nos deixemos enredar pela apatia e pela preguiça.
Vamos, do nosso jeito, acompanhar o mundo em sua veloz trajetória! Vamos trazer bem firme para nossos descendentes nossas tradições de amor, compaixão e solidariedade! Vamos mostrar que ainda temos coração, cérebro e energia para tentar lembrar a esse mundo atual, tão maravilhoso em tecnologia, que ainda vale a pena sermos caridosos, carinhosos e…humanos.
Walkyria Gaertner Boz
A mais antiga voluntária da REDE FEMININA, com 46 anos de atividade, e que foi Presidente na gestão 2010/2014 – walkyboz@gmail.com-).
Prezada Sra.
Maravilhosa e mensagem e verdadeira, pois imagino que a maioria de nós hoje já nesta nova fase, que diga-se de passagem não é tão fácil, passa por momentos de falta de adaptação, mas acima de tudo de indignação frente a valores que acreditamos durante a maior parte de nossas vidas serem essenciais, e que de uma maneira ou de outra, por razões até mesmo incompreensíveis, vem deixando de ser habituais em nossa sociedade atual, muito rápida, tecnológica mas até certo ponto desumana.
E neste mar de volúpia me deparo com sua mensagem e renovo minhas esperanças de que devemos acima de tudo entregar a nossa parte em prol de necessitados e carentes como o seu exemplo nos reforça.
Obrigado pela coragem, pelo exemplo e acima de tudo por nos lembrar a sermos caridosos e misericordiosos com aqueles que nos necessitam.
AMAURI