Escolhe, pois a vida! – Boletim nº 10 -Março 2008

Os assuntos ligados  à defesa da vida, estão ganhando um impulso especial  com o tema central da Campanha da Fraternidade de 2008 Fraternidade e defesa da vida e o lema, Escolhe, pois, a vida ( Dt 30,19)

E eu quero aproveitar a oportunidade para complementar essa reflexão de forma a contribuir para  a construção de uma sociedade mais fraterna, mais igualitária e equilibrada.

A grande verdade é que a  modernidade não entregou o que prometeu e falhou nas áreas humanísticas. Nós temos, portanto, que completar o trabalho de nossos avós..

Saímos de um século de enormes e intensos avanços para a humanidade, mais que em  todos os que o antecederam. Nunca o homem expôs-se tanto a transformações de toda a natureza. Estamos em plena era da mais forte revolução nos hábitos, costumes e modos de viver, em que as inovações tecnológicas e organizacionais nos desafiam a adaptações constantes, tirando-nos da acomodação e das “coisas prontas”.

A vida em sociedade, no entanto,  está marcada hoje pela insensibilidade, pela exclusão social e pela crise de valores que se instalou tanto entre os mais ricos como entre os mais pobres, o que resulta em caos e insegurança.

A humanidade não aprendeu a valorizar a vida humana. Estamos  num momento histórico e decisivo para a humanidade, numa fase de grandes mudanças na civilização. Ao mesmo tempo que nunca foi tão forte a consciência a respeito dos direitos humanos no planeta, também nunca a humanidade teve tanto poder para destruir a vida. No passado era  a falta de recursos  que tornava difícil e breve a vida humana na terra. Hoje temos mais recursos, vivemos mais, mas torna-se cada vez mais crucial o problema ético da distribuição daquilo que a humanidade conquistou. Grande parte da população do planeta ainda passa fome e é vítima de doenças perfeitamente curáveis.

A humanidade deveria ter aprendido com a trágica experiência das bombas atômicas, dos campos de concentração e de todos os massacres da história. O mesmo ser humano, que se comunica via satélite com o mundo inteiro, não progrediu tanto assim, sobretudo na consideração pela vida em todas as suas manifestações, mas, particularmente, a vida humana.

Vivemos hoje o apogeu da sociedade do consumo, do imediatismo, da aparência, da individualidade, da superficialidade, das relações instantâneas, como o ficar, por exemplo, onde se busca o prazer pelo prazer. Vive-se de forma descomprometida, a idéia aliança, do projeto de  vida a dois, está longe da maioria dos relacionamentos. A liberdade trouxe a  permissividade que desonera a responsabilidade e o  afeto pelo  outro.

Estamos, também, em plena contradição.Os progressos da ciência e da modernidade prometiam ajudar a conquistar a felicidade, mas podemos constatar que a humanidade não é feliz. O  “ter ” nos tirou o “ser“. Nós temos mais, mas nós somos menos. Somos educados com a idéia de que valemos não pelo que somos e sim pelo que temos; sucesso é ter carros, prêmios, mandatos, dinheiro, roupas. Às crianças é ensinado – na família, nos meios de comunicação e nas escolas – que o grande objetivo é acumular conquistas materiais e aí é medida a importância do indivíduo. Educa-se para o futuro, não para o presente; educa-se para o trabalho, não para a vida.

Vivemos um mundo que parece ter esquecido a ternura. Um mundo marcado pela competição e pela lei do mais forte: onde tudo parece ter sido rigorosamente determinado; um mundo onde a gratuidade não conta. Onde foi parar a ternura? Ternura não é sinônimo de falta de personalidade. Ternura é amar, mesmo quando é necessário dizer não. Ternura é simpatia pelo outro, independente de virtudes, sabedoria, cor, idade ou capacidade. È saber que o outro é importante. Ternura é apostar na capacidade de crescimento de cada um .

Precisamos construir um mundo onde as pessoas sejam realmente o centro das preocupações e a utopia da felicidade permaneça sempre ao alcance dos olhos e mãos.O desafio, portanto, é de criar condições sociais e espirituais que garantam a todos  a alegria interior de viver.

Um passo nessa direção é cultivar princípios universais ora abandonados, ética, justiça, respeito, honestidade e fraternidade. Paz é o resultado das relações marcadas pela justiça, pela solidariedade e pelo amor.Na linguagem simples do povo, é quando tudo corre como deve ser: criança brincando, comendo bem, estudando;as pessoas sendo respeitadas como pessoas,famílias tranqüilas; trabalhador com salário digno, sem temer humilhação; idosos se sentindo acolhidos; cada pessoa servindo a comunidade e por ela sendo respeitada

Que Deus o (a) proteja junto com seus familiares.

            Um fraternal abraço e até o próximo artigo,

           Armelino Girardi

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