A fé é a alma do negócio – Boletim nº 13 – Maio/2008

O desenvolvimento da espiritualidade ganha espaço no mundo corporativo

Para ilustrar este artigo, cujo foco é a espiritualidade, cito a queixa de muitos empresários que não conseguem atingir seus objetivos e se perguntam qual seria a razão. Aqui arrisco uma resposta. Entre outros motivos, talvez esteja faltando um maior comprometimento do seu quadro de colaboradores, esteja faltando “alma”, aquela energia a mais que motiva as pessoas a ultrapassarem seus limites. Ou aquele amor às cores da camisa que vestem na busca de um ideal.

Cada vez mais as empresas e pessoas estão se atendo à importância de se cultivar a espiritualidade para ganhar essa alma, que mobiliza a energia interior do ser humano, fazendo-o descobrir um novo sentido de vida. Claro que todos nós estamos sujeitos a sofrer de crises existenciais ao longo da vida, com questionamentos do tipo: “Para que existo?”; “Para aonde vou?“; “Qual minha missão aqui na terra?”; “ Existe a fórmula da felicidade?”. Uma pesquisa conduzida pelo American Council on Educations, dos EUA, compreendendo 171.509 estudantes, constatou que 68% dos entrevistados têm como objetivo mais elevado “o desenvolvimento de uma filosofia de vida mais rica em termos de significado”.  Isso demonstra que, apesar dos avanços tecnológicos , o ser humano quer encontrar-se consigo mesmo, descobrindo a verdadeira razão da existência, que transcende o sucesso profissional e a satisfação material. Para tanto, as pessoas convergem para o culto a doutrinas das mais variadas, sejam religiosas, sejam esotéricas ou sejam filosóficas e científicas. Na visão de Gandhi, “as religiões são como caminhos diferentes que convergem para um mesmo ponto”. Já para o teólogo Leonardo Boff, “estamos assistindo a uma convergência entre o mundo existente fora de nós e o mundo dentro de nós (…).  Essa convergência dos mundos está marcando nosso tempo e aponta para a inauguração de uma nova era: mais centrada, mais sensível, mais compassiva, mais espiritual, mais mística.

A espiritualidade e a fé em um ser ou algo superior nos ajudam a enfrentar as turbulências do estressante dia-a-dia no trabalho e na vida pessoal, bem como a ganhar coragem e confiança necessárias para vencer desafios e nos superar. A contínua contemplação e reflexão sobre quem somos e para aonde vamos, levam-nos a fortalecer o caráter e a perseguir valores como a ética, a moral e o respeito ao próximo – tão raros nesses tempos de “mensalões” e “propinas” divulgados na imprensa.

A busca da espiritualidade resulta no aumento de produtividade, maior motivação e felicidade no trabalho, uma vez que tanto os indivíduos como as corporações passam a entender que o sucesso, os bens materiais e o lucro não são um fim em si mesmos. Assim, o ambiente corporativo torna-se mais espiritualizado, facilitando a comunicação e relacionamentos interpessoais. Nesse clima de transparência, liberdade e transcendência, os colaboradores se sentem mais úteis e parte de uma grande obra, estando dispostos a agir como voluntários para atuar em programas de responsabilidade social. E o que é mais significativo: colocam alma naquilo que fazem, sustentados no tripé: mente/coração/espírito. Isso favorece a criatividade, o espírito de liderança e a tomada de decisões com responsabilidade e respeito ao ser humano. 

As empresas modernas devem incluir entre suas missões o incentivo ao desenvolvimento espiritual de seus colaboradores, reservando pequenas pausas, durante o expediente de trabalho, para aqueles que desejarem fazer orações, reflexão e meditação, independentemente de crença. A dimensão espiritual é a consciência de que não estamos no mundo só para nos auto-satisfazermos, mas para nos colocarmos a serviço de outras pessoas. Concluo parafraseando aquele slogan dos marqueteiros e publicitários, segundo o qual “a fé é a alma do negócio”.

 Que Deus o (a) proteja junto com seus familiares.

Um fraternal abraço e até o próximo artigo,

Armelino Girardi

 PARA REFLEXÃO: 

“Todos os nossos bens, na verdade, não são nossos, somos apenas nossas almas. Não somos donos de nossa vidas, de nosso corpo, estamos apenas vivendo uma experiência terrena”

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