Um novo olhar para os aposentados – Boletim nº 52- 1ºDezembro 2010

Na qualidade de consultor e palestrante estou tendo oportunidades de ministrar cursos e palestras em várias organizações, com ênfase em programas de preparação para a aposentadoria.

Algumas organizações já despertaram para esse importante papel social, investindo em programas que têm como objetivo conscientizar seus colaboradores mais experientes de que a vida não termina com a aposentadoria, sendo necessário adotar atitudes inovadoras e criativas, de forma a encarar esse período como uma rica e promissora travessia de uma etapa para outra da vida, e não como o fim do caminho.

Infelizmente existe ainda uma grande distância entre o discurso e a prática, pois são raras as entidades e organizações que já implantaram programas de orientação para a aposentadoria.

Mas, existe outra questão que quero chamar a atenção: e os já aposentados, que não tiveram qualquer preparação, como estão? Como está a sua autoestima? São pessoas ainda produtivas para a sociedade ou representam peso e incômodo? Para suas famílias, são soluções ou problemas? São referências positivas para seus ex-empregadores? Além do pagamento dos legais e merecidos benefícios há alguma outra conexão saudável entre ambas as partes?

São poucas as ações e investimentos voltados para a chamada terceira idade – na maioria dos casos, sob responsabilidade de prefeituras, entidades representativas de classe e associações de aposentados, cujas ações se  restringem ao lazer, com atividades como viagens, cursos de danças e encontros sociais.

Precisamos reconhecer que tanto a escola formal como os programas de treinamento oferecidos nas organizações preparam as pessoas para o trabalho e não para a vida. Tudo o que se ensinou gravitou em torno do mundo corporativo, direcionado para o desenvolvimento de competências técnicas, para negócios, business e outras áreas visando ao crescimento profissional. Foram conhecimentos e informações direcionados para o âmbito exterior da vida, o que torna, de certa forma, as pessoas vazias e artificiais do ponto de vista interior. Faltou, entretanto, o investimento no autoconhecimento, no desenvolvimento das habilidades interpessoais e na educação para a sensibilidade.

Portanto, além da preparação dos futuros aposentados, é preciso um novo olhar também para o quadro de colaboradores já aposentados. A importância dessa iniciativa fica cada vez mais evidente quando observamos com mais atenção este tema. É comum encontrarmos aposentados que andam literalmente “desocupados”, com a autoestima em baixa, sem projeto e sem motivação para esta nova etapa da vida. Vivem de lembranças e inevitavelmente induzem a sociedade a pensar na ingratidão que tais organizações tiveram para com aqueles que a elas dedicaram muito do seu tempo.

Além de impactar na sustentabilidade do ser e agregar valor nas iniciativas de responsabilidade social, investimentos nesse segmento contribuem para reinserir virtuosamente os aposentados na sociedade, com reflexos no seu bem-estar e na qualidade de vida. Os benefícios advindos da autoestima elevada impactam nos gastos com saúde, já que pessoas com a mente ocupada e que gostam do que fazem tendem a contrair menos doenças, desafogando o sistema de saúde.

Então indago: Não seria hora de a sociedade e organizações de uma maneira geral perceberem os talentos renovados que dispõem em suas fileiras de aposentados? No Exército, os chamados reservistas sabem que fazem parte de uma massa ativa que pode ser convocada a qualquer hora para dar sua preciosa contribuição ao País. Por que isso não pode acontecer também no meio empresarial? Tenho absoluta certeza de que muitos aposentados, desde que convidados, teriam prazer e sentiriam orgulho em poder ser úteis – seja na forma de voluntariado, seja mediante uma remuneração simbólica, porém justa. Fica a ideia. Com a palavra, os empresários, gestores de RH…

 Que Deus o(a) proteja junto a seus familiares

Um fraternal abraço e até o próximo artigo,

 Armelino Girardi

  

Para reflexão: A tragédia não é quando um homem morre; a tragédia é aquilo que morre dentro de um homem enquanto ele ainda está vivo. (Albert Schweitzer )

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